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Brincadeira de Criança

Foto do escritor: Pedim GuimarãesPedim Guimarães

Sebastião e Josué viviam em uma cidade pequena no interior do Ceará. Irmãos, cuja diferença entre eles é de um ano apenas, aliás, menos que isso. Pela falta de oportunidades recreativas nas cidades pequenas, é comum vermos famílias maiores do que nos centros urbanos. O caso não era diferente, o pai, agricultor, homem rude, viril, era um grande disseminador da espécie humana. Tamanha era seu anseio em perpetuar seu legado que não respeitava o “período de resguardo”.


Moravam em um distrito de uma cidade pequena. Os meninos eram crianças comuns: gostavam de jogar futebol, brincar com pião, escalar árvores, entre outras peripécias, as quais com o tempo perdem o encanto. Há muita coisa que, para os adultos, perde a fantasia, quem sabe seja esta a razão para os desentendimentos entre estes e os pequenos.

Havia um passatempo peculiar dos dois irmãos, com certo teor escatológico e bizarro. Antes uma breve explicação: a casa deles se localizava próxima a um riacho. Os habitantes do interior não possuem o hábito de se banhar com trajes adequados, ou vão com roupa íntima ou da maneira como Adão e Eva permaneciam nos jardins do Éden.


Todos que passaram pela adolescência sabem como é... Hormônios em ebulição. Qualquer besteira pode se tornar motivo para excitação, e se torna. Sebastião e Josué não eram exceção à regra, adolescentes comuns que ora agiam como adultos, ora como crianças. Gostavam de brincar, jogar futebol, soltar pipa, assim como também estavam descobrindo certas atividades inéditas até então.


Certa vez estavam buscando minhocas para pescar, estavam próximo ao riacho, enquanto os olhos procuravam os anelídeos viscosos, foi notada a presença de alguém se aproximando. Mesmo naquela época e naquele local havia certo receio quanto a estranhos, resolveram se ocultar na vegetação. Para surpresa deles – feliz por sinal – a pessoa não apresentava sinais de periculosidade, pelo contrário, incitava outros sentimentos.


Os meninos estavam incrédulos, nunca haviam visto tanta formosura – na adolescência é normal esse tipo de exagero, como: nunca vou amar alguém como você. Ela não podia vê-los, estavam bem escondidos, Sebastião sentiu um ímpeto de fazer algo que só antes fizera em total privacidade; Josué o imitou.


Perceberam que eram frequentes as visitas de meninas, garotas e mulheres ao riacho, e elas sempre se banhavam mais à vontade. Criaram o hábito de espiar. Certa vez viram uma que lavava roupas e corpo. Josué começou a atividade com movimentos rápidos e energéticos, Sebastião era mais lento. Durante o ato pecaminoso, este ouviu a voz triste do irmão:

-Tião, tu gozou?

-Não, por quê?

-Rapaz, para aí.

- Por quê?

- É a mãe.

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