Minha família possui muitas histórias peculiares, depois falarei delas, tratarei de um personagem, um primo, do qual ouvi bastante por minhas tias: Toinho. Tido como o maior artista da família, não sabia quem era bem na infância, conheci-o pelas histórias:
“Toinho uma vez entrou em um táxi, estava bêbado na verdade, os amigos pediram o táxi e o botaram lá. O motorista perguntou para onde ele ia, ele respondeu assim: ‘jamais saberá!’ O Taxista rodou, rodou, deixou em um ponto, Toinho desceu, pagou a corrida, repetiu a frase ‘jamais saberá para onde irei’ e saiu.”
Outra: ele foi receber um prêmio importante, pediram para ele se comportar, ele concordou, ele era alto, o viram de paletó, contudo estava vestindo kilt. “Acredita que Toinho foi receber um prêmio de saia?” Uma das minhas tias comentou.
Na época em que estava estudando para o vestibular, um professor me contou a mesma história, todavia ele disse o nome “Campelo”, ao chegar à minha casa, indaguei minha mãe, daí que soube a importância para a cultura cearense. Soube que ele era um arquiteto renomado.
Segundo o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU), Campelo Costa exerceu funções nas três esferas do Poder Público, atuou na presidência e vice-presidência do Instituto de Arquitetos do Brasil (Diretório Nacional e Ceará). A entidade cita ainda trecho de nota de pesar do IAB em que o instituto cita a "luta pela democracia e pela cultura" no exercício de sua profissão.
“As palavras, na sua mão, eram armas agudas, e, ainda assim, doces, da doçura da verdade conhecida, vivida, esperançada. Vá em paz, amigo, que aqui continuaremos seu sonho de um país justo, alegre, de um povo altaneiro, que você desenhou tão bem”.
Eu o vi poucas vezes, minha mãe nos apresentou, foi rápido, ela mencionou que eu gostava de desenhar como ele, só que na época eu havia desistido de rabiscar, sofri algumas gozações, tinha vergonha do meu traço (mais do que hoje, bem mais). Ele me disse para não desistir. Muito tempo depois que vim ver algumas obras dele, se conhecesse na época teria sentido mais timidez de estar perto de um grande artista como ele fora.
Vá em paz, primo
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