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Você acha que deveria ganhar licença quando seu animal de estimação morre?

  • Foto do escritor: Pedim Guimarães
    Pedim Guimarães
  • 2 de jan. de 2021
  • 4 min de leitura


Olá, pessoal, tudo bem?


Calma, minha cadela não faleceu, apenas quero compartilhar um pensamento meio inusitado que tive: por que não conceder dias de licença para quem acabou de perder um bichinho de estimação? Sim, eu chamo assim, não falo “pet”, evito usar termos de outras línguas, sei lá, chatice minha, sabe? Há uns dias, uns amigos escreveram “cringe”, eis que descubro que corresponde a algo como “vergonha alheia”, para mim há o “vergonhoso”, porém me falaram que não se aplica, bom, quem sabe isso seja objeto de outro texto.


Voltando, os animais passaram a ter mais destaque no cotidiano, antes eles eram só posse, dormiam do lado de fora das casas, comiam restos de comida, apanhavam (golpes de jornal velho). Hoje, em vez de pertencerem ao patrimônio, fazem parte dos elos familiares, comem ração especial, dormem em caminhas fofinhas e, não se espante, há hotéis para bichos, sim, inclusive eu já deixei minha cadelinha num desses por um dia – e por sinal vale a pena contar aqui, quando fui deixa-la lá, me perguntaram se ela dormia em ar condicionado, “moça, nem eu durmo assim...”, depois a atendente me questionou se a cachorra gostava de piscina, “moça, acho que quem vai ficar sou eu!”.




A inserção dos animais está tão grande que o mercado deste segmento movimenta muito dinheiro; o nacional movimentou R$ 34,4 bilhões em 2018 (dados foram divulgados pelo Instituto Pet Brasil (IPB), veja aqui). Inclusive o ramo está entre os mais setores que mais crescem no país, aqui. E se você não percebeu ainda, quando estiver vagando pela cidade, perceba a quantidade de clínicas e veterinárias e de lojas especializadas em nossos queridinhos animaizinhos, além das seções destinada a rações e demais produtos comporem um setor maior dos supermercados, não é incomum estes itens de alimentação canina ou felina em lojas de conveniência. Uma sacada genial, a propósito, os insones errantes que vagueiam pelas cidades pela madrugada, agora podem levar comida para seus bichinhos após aquela noitada desvairada.


E no link acima ainda há outro dado que merece destaque: estimativa de 2018 indica que a população pet brasileira é de aproximadamente 139,3 milhões de animais. Foram contabilizados no país 54,2 milhões de cães; 39,8 milhões de aves; 23,9 milhões de gatos; 19,1 milhões de peixes e 2,3 milhões de répteis e pequenos mamíferos. Em suma, é muito bicho, bicho pra caramba, meu irmão! Portanto, há muitas pessoas que possuem animais de estimação, gente pra caramba! E como essa galera maravilhosa ama seus pets (tentei até agora não escrever esse termo, não consegui, variar); é muito amor envolvido, percebem? E vocês veem que em todo amor há a dor, afinal sentimos falta quando nosso ente querido parte, seja para outro plano do universo, seja os que parte por romper o elo da convivência. Talvez a dor sentimental mais forte que podemos sentir é a partida de alguém amado, sempre parece que ficamos pouco tempo com quem acabou de partir, um dos momentos mais melancólicos que se pode sentir. Isso afeta a todos seres humanos de forma semelhante, tanto que é plenamente normal quem teve a perda se isolar dos demais membros de sua comunidade, é o luto. E esse momento possui tanta importância no seguimento da jornada, a forma como se superará essa tristeza, que alguns não superam, uns sucumbem pouco tempo depois, outros despertam feridas na alma que repercutem em problema de saúde mental. Nada mais digno que respeitar o luto.


E digo que talvez pode deve se lembrar de algum momento em que você passou por alguma dificuldade com algum pet seu, ou saber de algum caso de algum conhecido seu. E vai que você mesmo lembrou de algum luto que passou na sua infância oriundo da morte de algum companheiro irracional seu, que talvez você nem tem tido o luto adequado por sua perda. Aquele cachorrinho fofo que morava com você, ou aquele gatinho lindo que brincava com você, um peixe... eu tinha uma galinha, nome dela era Giselda – que é o nome de uma galinha do Chico Bento. Ela era o xodó da casa, a gente brincava com ela, bom tempo com ela, um dia adivinhem qual o almoço? Galinha! Não sou tão ingênuo assim, nunca fui, percebi o prato, notei a ausência da minha ave, “mãe, é a Giselda?”, “não, filho, seu pai e eu trocamos por outra galinha, Giselda está com outras de sua espécie, está feliz, não se preocupe, não faríamos isso com você”. Acredita que fizeram? Pois é, me enganaram, comi a minha amiga galinácea. Mamãe, se você está lendo, não se preocupe, é tudo comédia, já superei essa dor. Giselda, saudades.


Você teve algum bichinho na infância?


E quem não se emocionou neste filme?


E esse aqui que tem um papagaio que emociona a gente!


Tá, eu sei, que é uma situação oposta, mas só para mostrar que os animais também sentem


Se você tem animal de estimação, ou teve, talvez você simpatize com minha ideia: estender licença de luto para quem acabou de perder seu pet. Não estou defendendo nada demais, apenas um afastamento previsto em lei. Só isso. Olha:

Art. 473 da CLT – Atualizada;

O empregado poderá deixar de comparecer ao serviço sem prejuízo do salário:

I. Até 2 (dois) dias consecutivos, em caso de falecimento do cônjuge, ascendente, descendente, irmão ou pessoa que, declarada em sua Carteira de Trabalho e Previdência Social, viva sob sua dependência econômica.


Olha, dois dias, garanto que a empresa do seu patrão não irá à falência por conta de você faltar dois dias, se ele vier a encerrar as atividades no mesmo período, mera coincidência, o empreendimento já caminhava para a decadência há muito tempo. Agora, pensando aqui, como no Brasil...bem, é o Brasil, isso pode trazer uma distorção de haver muitas adoções de animais para justificar uma recorrente ausência às atividades laborais. Olha, se você pensou assim, lamento, isso lembra a ideia de associar bolsa família ao estimulo à natalidade. Sinal que você já pensa em como burlar, né, danadinho (a)?


Bom, nada extraordinário, fica aí a ideia pro legislativo, claro, que tudo deve ser acompanhado de controles, ê ê ê, a burocracia que sempre nos acompanha. Pedras no caminho que são necessárias. Espero que essa ideia tenha proporcionado uma reflexão a você.


Um abraço


1 Comment


fpinhoc
Jan 03, 2021

Achei massa a ideia.. bom texto guimas

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